domingo, 5 de setembro de 2010

O VELHINHO

A J. César Machado

Aquele que ali vai triste e cansado
E mais tremente que os juncais do brejo,
Foi outrora o mais belo e o mais amado
Entre os moços do antigo lugarejo.

Nas fitas desse lábio desmaiado
Quantas mulheres trémulas de pejo
Não sorveram os néctares do beijo
Dos trigais sobre o leito perfumado!

Hoje é velhinho, e fala dos franceses
Aos rapazes da escola, e às raparigas
Que não cansam de ouvi-lo... As mais das vezes

Sobre a ponte, sozinho, ouve as cantigas
Das que lavam no rio, e o olhar estende
Ao sol que ao longe na agonia esplende...

Gonçalves Crespo

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