quarta-feira, 11 de maio de 2011

LÍNGUA PORTUGUESA

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: «Meu filho!»
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O génio sem ventura e o amor sem brilho!

Olavo Bilac

5 comentários:

rose marinho prado disse...

Os modernistas ''detonaram'' com os parnasianos. Perderam-se boas coisas. Mas é a vida...pena da pena.

Ricardo António Alves disse...

Este poema comove-me.

rose marinho prado disse...

Há outros bons, além desse. Dos parnasianos. Eu acho.

Carla Diacov disse...

Ricardo, ando engordando horas quando na tua gema!
Beijinhos!

Ricardo António Alves disse...

Obrigado Carla, para ti também!