sexta-feira, 6 de maio de 2011

OS OLHOS SECOS

Não chego a ser um gemido entre o choro geral,
olhos enxutos, mãos no bolso, a displicência.

Vejo o baile nas janelas acesas.
Quanta alegria nos homens sem memória!

Outras janelas, o caixão, as velas no silêncio.
As cortinas como almas libertadas,
a lágrima da mãe no lenço preto.
Os meus passos doem, cantando na calçada.
As estrelas quietas ruminando as horas,
mas meus olhos aflitos e ninguém percebe.

O nó na garganta, o grito parado,
a brasa na cinza...

Bueno de Rivera

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