terça-feira, 17 de maio de 2011

ROSA MÍSTICA

               Hour of love.
               Byron. Parisina

Do pôr-do-sol àquela luz sagrada,
Eu perdia-me... ó hora doce e breve!...
Meu peito junto ao seu colo de neve,
-- Numa contemplação vaga e elevada

Nossas almas s'erguiam, como deve
Erguer-se uma alma à Luz afortunada.
Do mar se ouvia a grande voz chorada.
-- Palpitavam as pombas no ar leve.

Eu então perguntei-lhe, baixo e brando:
Em que mundo de luz é que caminhas?
Que torre está tua alma arquitectando?...

-- Ela, travando as suas mãos nas minhas,
Me disse, ingénua, então: -- Estou cismando
No que dirão, no ar, as andorinhas.

Gomes Leal

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