quarta-feira, 11 de maio de 2011

As cartas dele! Papel morto e frio...
Parecem hoje estremecer, no entanto
e tomar vida, e palpitar, enquanto
com as trémulas mãos lhes solto o fio.

Esta lembra um encontro fugidio;
esta, uma coisa simples: o encanto
dum aperto de mão; mas diz-me tanto
que um dia todo, ao lê-la, choro e rio.

Esta me escreve: «Adoro-te, querida!»
e caí, deslumbrada, a soluçar
como se fosse o fim da minha vida!

Mas esta... A tua fé, no próprio altar,
viste, ó Amor, vilmente escarnecida,
se o que esta diz eu devo acreditar.

Elizabeth Barrett Browning

(Luís Cardim)

2 comentários:

rose marinho prado disse...

cartas!!!!São cartas.
Bom o poema...muito bom.

Ricardo António Alves disse...

E muito bem traduzido (é um dos «Sonnets from the Portuguese»).