desde que a meu cismar se dera um dia
e seus fardos de azul e de poesia
pesam na voz que a meus silêncios nego
por tê-la dado a um pássaro e por cego
não ter visto que o pássaro morria
sem que antes lhe gravasse a melodia
nesta concha interior que em mim carrego
e enche-me o coração de igual tumulto
ao desse esbravejar de um deus sepulto
a erguer-se em ondas e a despedaçar-se
para mais belo erguer-se novamente
como alguém que pudesse a um sonho ardente
liberto se sentir no próprio cárcere.
Afonso Félix de Sousa
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