sábado, 26 de junho de 2010

SENTIMENTOS DE CONTRIÇÃO E ARREPENDIMENTO DA VIDA PASSADA

Meu ser evaporei na lida insana
Do tropel de paixões que me arrastava:
Ah!, cego eu cria, ah!, mísero, eu sonhava
Em mim quase imortal a essência humana:

De que inúmeros sóis a mente ufana
Existência falaz me não dourava!
Mas eis sucumbe Natureza escrava
Ao mal, que a vida em sua orgia dana.

Prazeres, sócios meus, e meus tiranos!
Esta alma, que sedenta em si não coube,
No abismo vos sumiu dos desenganos;

Deus, ó Deus!... Quando a morte à luz me roube
Ganhe um momento o que perderam anos,
Saiba morrer o que viver não soube.

Bocage

sexta-feira, 18 de junho de 2010

NOCTURNO

Um candeeiro.
Um recanto qualquer.
O pesadelo duma noite sem fim.


Um corpo de mulher
para quem chegar primeiro,


-- como se fosse um banco de jardim.


Sidónio Muralha