Eram cavalos-nevoeiro que montavas
por entre as brisas redondas.
Eram gritos de negro que escondias
nos soluços de sombras.
Eram horizontes que temias
nas noites despidas de sonatas.
Eram marés de turbilhão que repelias
no labirinto do vento.
Eram cortinas de aranha que corrias
no lamento
dos desfiladeiros inconcretos.
Eram cinzentas cruzes que erguias
em suspiros secretos.
E eu sem te ver, amor, e tu tão perto!
Era um mundo-jardim
cigano e aberto
desabrochando em teu regaço de silêncio:
água corrente em desprender de lamas
caudal de labaredas emboscadas,
faróis da noite em chamas,
madrugadas.
Que longínquo país te habitava,
que nevoeiro imenso te escondia,
que febre de queimar te delirava,
que tu estavas tão perto e te não via?
Francisco Delgado
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