terça-feira, 18 de janeiro de 2011

IRONIA

De tanto pensar na morte
Mais de cem vezes morri.
De tanto chamar a sorte
A sorte chamou-me a si.

Deu-me frutos duradoiros,
A paz, a fortuna, o amor.
As musas vieram pôr
Na minha fronte os seus loiros.

Hoje o meu sonho procura
Com saudade a poesia
Dos tempos em que eu sofria.

Que triste coisa a ventura!

Pedro Homem de Melo

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