Um cantar que não é meu:
Cantar que ficou suspenso,
Cantar que já se perdeu.
Onde teria eu ouvido
Esta voz cantar assim?
Já lhe perdi o sentido:
Cantar que passa perdido,
Que não é meu estando em mim.
Depois, sonâmbulo, sonho:
Um sonho lento, tristonho,
De nuvens a esfiapar...
E, novamente, no sonho
Passa de novo o cantar...
Sobre um lago onde, em sossego,
As águas olham o céu,
Roça a asa de um morcego...
E ao longe o cantar morreu.
Onde teria eu ouvido
Esta voz cantar assim?
Já lhe perdi o sentido...
E este cenário partido
Volta a voltar, repetido,
E o cantar recanta em mim.
Francisco Bugalho
5 comentários:
O tema me parece a fragmentação do 'sujeito'.
Sim. Se você está a referir-se à etiqueta que coloquei, «oficinais», foi porque pretendi agrupar as difrentes poéticas do fazer poético, entre a "inspiração" e a "transpiração" .
Entendi, o critério é seu...Claro.
Não teria entendido mesmo. Talvez p falta de acuidade, ou atenção maior.
cantei lendo, li cantando.
e é mesmo de (en)cantar
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