A Morta cheira a rosas. As suas mãos ficaram,
brancas, sobre a cidade -- pombas brancas dormindo...
A voz do Rei Dinis é um sussurro ao fundo.
Choro? Reza? Descante? Louvor das que o amaram?
Recorta-se no escuro, geométrica, a cidade.
Cor das mãos da Rainha. Serena como elas.
Aparecem as luzes primeiro que as estrelas.
Um vento manso traz o aroma das herdades.
E eis que a cidade toda é um presépio.
Ouve-se a tropeada dos camelos,
o riso dos pastores...
Quem está nascendo? Que deus?, que príncipe?, que poeta?
Mãos da Rainha Santa, dai-lhe abrigo:
Não vá ser um ladrão. Não vá ser um mendigo.
Sebastião da Gama
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