Dorme, dorme, dorme...
Quem te alisa a testa
Não é Malatesta,
Nem Pantagruel
-- O poeta enorme.
Quem te alisa a testa
É aquele que vive
Sempre adolescente
Nos oásis mais frescos
De tua lembrança
Dorme, ele te nina
Te nina, te conta
-- Sabes como é --,
Te conta a experiência
Do vário passado,
Das várias idades,
Te oferece a aurora
Do primeiro riso.
Te oferece o esmalte
Do primeiro dente.
A dor passará,
Como antigamente
Quando ele chegava.
Dorme... Ele te nina
Como se hoje fosses
A sua menina.
Manuel Bandeira
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