quarta-feira, 20 de julho de 2011

A MORTE

A alma escala as montanhas do frio e vai
abandonando o corpo,
do qual foi chama;
quando atinge o cume
contempla um céu sereno, benigno
onde se irá acolher;

ou navega junto ao círculo polar
até chegar a uma baía
de água límpida e quente?

Na escuridão da caverna
um medo vigia os nossos actos,
medo de que a vida seja apenas isto --
sombras projectadas na parede,
dor pelos caminhos,
até findar um dia, no sem sentido
de um corpo perecível.

Necessidade de saber, derradeiro
e redentor o desejo
ao acender no peito a ilusão
da vitória da vida
sobre o nada.

Na inútil função consoladora da poesia.

Jorge Gomes Miranda

2 comentários:

Izabel Lisboa disse...

Sem esse derradeiro fio de ilusão, que muitos chamam esperança, quem resistiria?!

Ricardo António Alves disse...

É muito difícil. Poderá haver consolação pela poesia, pela filosofia.