quinta-feira, 25 de agosto de 2011

DA SERRA DA ARRÁBIDA

Do meio desta Serra derramando
A saudosa vista nas salgadas
Águas humildes, quando e quando inchadas,
Conforme a qual o tempo vai soprando,

Estou comigo só considerando,
Donde foram parar cousas passadas,
E donde irão presentes mal fundadas,
Que pelos mesmos passos vão passando.

Oh! Qual se representa nesta parte
Aquela derradeira hora de vida
Tão devida, tão certa, e tão incerta!

Em quantas tristes partes se reparte,
Dentro nesta alma minha, entristecida,
A dor, que em tais extremos desperta!

Frei Agostinho da Cruz

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