domingo, 21 de março de 2010

CANTIGA DE SAUDADE

Há tanto tempo que a não vejo!
É morta em mim a luz pura
Da esperança, e meu desejo
Morre também, de amargura...

Assim eu cismo, noite alta;
E vagueio e sonho, ao luar...
E em sonhos se perde e exalta
Minha alma, só de a lembrar!

Voz das guitarras chorosas
Da Mouraria e de Alfama,
Dizei-me, vozes saudosas,
Se o meu amor me não ama?

E, no silêncio profundo,
Sobem ao céu minhas trovas.
E a tudo eu falo, na dor
Desta ausência, à noite, ao mundo,
Aos astros e seu esplendor:
-- Dizei-me se sabeis novas,
Ai novas do meu Amor?

Guilherme de Faria

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