sábado, 30 de janeiro de 2010

ALDEIA

Eu e a noite,
Chegámos ao mesmo tempo
Àquela povoação:
-- Uma aldeia que eu guardo na memória,
Como se guarda duma noiva morta
A doce recordação.

Fecho os olhos e vejo-a: -- as casas, o moinho,
O coreto e a fonte...
Quem os ergueu, sabia quem eu sou;
E, -- para me encantar como eu, outrora,
Arrumava no quarto os meus brinquedos,
Tal-qual os arrumou.

Criança? -- Já o não era,
Ao mesmo tempo em que isto foi;
Mas ainda conservo a sensação
(Quase triste, de tão enternecida,)
De ser a noite
Que me levava pela mão...

Carlos Queirós

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