Ó pinheirinho triste, meu irmão,
De fraguedos e chuva alimentado!
Com que mágoa te vejo recortado
No frio azul da tua solidão!
Eu bem entendo a viva inquietação
Do teu olhar em Deus mal confiado!
Bem sei que vais tombar, decapitado,
Mãos erguidas em prece de cristão!
Bem entendo a irreal melancolia
Do teu rosto engelhado, neste dia
Que a toda a volta espalha desconforto;
Mas -- ó corpinho tenro, de criança! --
Que te console, ao menos, a lembrança
Do bem que espalharás depois de morto!
Eduardo Salgueiro
Sem comentários:
Enviar um comentário