sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Vamos, meu bem, a ver se a rosa
que esta manhã, ao sol, airosa,
a sua roupa abriu vermelha,
não perde em hora vespertina
pregas da veste purpurina
e a tez que à vossa se assemelha.

Ai, vede como em pouco espaço
ela deixou, ai, triste passo,
toda a beleza fenecer.
Ah, que madrasta é a Natura
pois flor assim mais já não dura
que entre manhã e anoitecer.

Pois se me credes, vós, meu bem,
enquanto a idade em flor vos tem
nessas primícias de verdura,
colhei, colhei a mocidade
que como à flor a velhice há-de
turvar a vossa formosura.

Pierre de Ronsard

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