domingo, 14 de novembro de 2010

Ah! não chores por mim  quando eu morrer,
quando o plangente sino magoado
disser ao mundo vil que, fatigado,
com vilíssimos vermes fui viver.

Lendo estas linhas, deves esquecer
a mão saudosa que lhes deu traslado:
que o bem de perdurar num peito amado
em mal se torna quando o faz sofrer.

Não, se vires esta rima dolorida
quando a terra em seus braços me retome,
que finde o teu amor co'a minha vida,
e nem recordes o meu próprio nome!

Pois se o mundo te vê na dor absorto,
inda zomba de mim depois de morto.

William Shakespeare

(Luís Cardim)

2 comentários:

rose marinho prado disse...

Que texto mágico e poderoso. Parece oração, benzeção, sei lá...

Ricardo António Alves disse...

Está muito bem traduzido pelo Luís Cardim, o principal shakespeareano português na primeira metade do XX.